Infertilidade Masculina

Prof. Dr. Enrico Andrade – Prof. Dr. Gustavo Alarcon


Importante salientar que a probabilidade de um casal dito normal alcançar uma gravidez é de cerca de 20% por mês, com uma probabilidade cumulativa de 90% ao fim de um ano.

A infertilidade é assim definida como a incapacidade de um casal em obter uma gravidez após um ano de relações sexuais desprotegidas.

Calcula-se que a infertilidade atinge atualmente cerca de 15% dos casais e que este número sofrerá um aumento progressivo, devido da idade crescente em que se decide ter o primeiro filho. Existe atualmente um desalinhamento entre o pico da capacidade reprodutora, que ronda os 24 anos, quer no homem, quer na mulher, e a idade em que se decide procriar. Isto decorre do hábito, cada vez mais frequente na nossa sociedade, de se protelar a primeira gravidez até que estejam reunidas determinadas condições, sejam no campo económico, sejam no campo acadêmico ou profissional.

Este progressivo envelhecimento dos casais tem repercussões quer na taxa de gravidez natural, quer nos resultados das técnicas de reprodução medicamente assistida. Isto levou atualmente, em casais de idade mais avançada (tipicamente quando a mulher tem mais de 35 anos) a se recomendar o início do estudo da infertilidade de maneira precoce, em não esperar pelos 12 meses inerentes à própria definição.

O fator masculino é responsável por cerca de 20% dos casos de infertilidade e contribui em cerca de 20 a 40% de casos adicionais.

Podemos deste modo considerar, de grosso modo, que o fator masculino está presente em cerca de 50 a 60% dos casais inférteis.
 

Avaliação inicial do homem infértil

A avaliação inicia-se pela história clínica, que deverá documentar a duração da infertilidade, antecedentes pessoais relevantes (por exemplo antecedentes de quimioterapia ou de cirurgias testiculares, entre muitos outros) e uma breve história sobre os hábitos sexuais do casal, uso de contraceptivos e avaliação da função erétil e ejaculatória. Devem ser igualmente pesquisados comportamentos nocivos, como o tabagismo, o alcoolismo, o consumo de drogas de abuso ou de certos medicamentos (ex. cimetidina, sulfazalasina, entre outros).

Por fim, nos antecedentes familiares são importantes a existência de outros casos de infertilidade e de doenças presentes em várias gerações.

O passo seguinte é o exame físico, em que são avaliadas as proporções corporais e os sinais sexuais secundários, como a pilosidade e sua distribuição, a distribuição da gordura corporal e a presença de ginecomastia (aumento mamário). O exame físico centra-se por fim nos genitais externos, onde são avaliados o pénis e os testículos e são pesquisadas anomalias como o hipospádias (anomalia na localização do meato uretral), ausência de ductos deferentes ou presença de varicocele (dilatação varicosa das veias testiculares).
 

Exames auxiliares de diagnóstico

O primeiro exame é o espermograma. Consiste na avaliação física, química e microscópica do esperma e dos seus constituintes. Um homem com exame físico e espermograma normais dispensa estudos andrológicos adicionais.

Caso esteja alterado deve ser repetido e associado a outros estudos, como a avaliação hormonal, ultra-som e testes genéticos, em função do quadro sugerido pela história e exame físico.

Em determinadas situações pode ser necessária a realização de biópsia testicular, exame habitualmente realizado em regime de ambulatório com anestesia. 
 

Tratamento e orientação

Por fim, após todo este estudo o médico determina um diagnóstico, em função do qual vai delinear um tratamento.

Este poderá passar pela suspensão de determinado medicamento, pela mudança de hábitos, pela reposição hormonal, pela resolução de obstrução testicular ou pela correcção cirúrgica da varicocele, entre outros.

Em até 40% dos homens que apresentam alterações dos parâmetros espermáticos não existe qualquer causa subjacente detectável.
Nestes casos opta-se pela terapêutica médica empírica, seguida, em caso de falência, pelo recurso a técnicas de reprodução medicamente assistida (inseminação intrauterina ou fertilização in vitro).

Casos mais graves (por vezes associados a alterações genéticas ou a falência testicular grave) são habitualmente encaminhados para técnicas de reprodução medicamente assistida. Em muitos destes homens a presença de espermatozóides no ejaculado é de tal maneira escassa que é necessária a sua extração cirúrgica, através da biópsia testicular.

Por fim, em determinados casos a alteração espermática é de tal maneira grave que o homem é considerado estéril, não havendo qualquer hipótese de procriação. Nestes casos, o único recurso é a fertilização da mulher com esperma de dador anónimo ou a adoção.

 
 

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