HBP – Hiperplasia Benigna da Próstata

Prof. Dr. Enrico Andrade – Prof. Dr. Gustavo Alarcon


A próstata é uma glândula do tamanho de um pêssego e que faz parte do aparelho reprodutor masculino. Ela está localizada abaixo da bexiga e envolve a uretra.

A Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) é um diagnóstico histológico que corresponde ao aumento da zona da próstata que envolve a uretra (zona de transição) devido a hiperplasia das células epiteliais e do tecido conjuntivo. A incidência de HBP aumenta com a idade, afetando de forma sintomática aproximadamente 25% dos homens com idade superior a 40 anos e um em cada 3 homens com mais de 65 anos.

Uma vez que a próstata rodeia a uretra masculina, um aumento do seu tamanho pode causar obstrução do esvaziamento vesical que por sua vez origina sintomas relacionados com a obstrução da uretra e com alterações funcionais da bexiga. Os sintomas provocados pela HBP são o aumento da frequência urinária, quer durante o dia (polaciúria), quer durante a noite (noctúria), a vontade súbita e inadiável de urinar (urgência), a incontinência, o gotejamento no final da micção, a dificuldade em iniciar a micção (hesitação) e a necessidade de esforço abdominal para urinar. Estes sintomas, geralmente designados de LUTS (Lower Urinary Tract Symptoms) condicionam a atividade diária e o padrão de sono, alterando drasticamente a qualidade de vida destes doentes.

No entanto, não existe uma boa correlação entre os LUTS e o tamanho da próstata. Alguns homens com próstatas grandes (superiores a 100g) podem ter poucos sintomas que não interferem com a sua qualidade de vida e outros homens, com próstatas menores (30-40g) podem ter obstrução urinária que condiciona alterações graves na sintomatologia urinária. Estes sintomas também podem ser originados por outras patologias, independentes ou associadas à HBP.

Se não for devidamente acompanhada a HBP pode causar problemas graves no futuro: retenção urinária (incapacidade de urinar), infecções urinárias, litíase vesical (acumulação de pedras na bexiga), lesões na bexiga, lesões nos rins e incontinência urinária. Felizmente hoje já existem tratamentos eficazes para evitar estas situações.

O objectivo do tratamento não é curar a HBP, mas reduzir os sintomas e evitar as complicações da doença. Deve ser ainda salientado que a HBP e a neoplasia maligna da próstata são doenças diferentes e esta última não é uma complicação da primeira.fotoprosta1

As opções terapêuticas atuais para a HBP incluem vigilância, terapêuticas médicas e terapêuticas cirúrgicas. A vigilância e controle periódico, juntamente com medidas gerais para evitar a congestão pélvica estão indicadas se a sintomatologia é leve e sem interferência significativa na qualidade de vida.

A terapêutica medicamentosa inclui várias opções. A fitoterapia consiste na terapêutica com extratos vegetais e pode ser útil em doentes com sintomas ligeiros ou moderados, com a vantagem de praticamente não ter efeitos colaterais importantes; o extrato mais frequentemente usado é o da Serenoa repens.

Os bloqueadores dos receptores alfa1-adrenégicos, que incluem a terazosina, doxazosina e tamsulosina (este especifico dos receptores alfa1A-adrenégicos), relaxam a musculatura do estroma prostático, colo da bexiga e uretra proximal, sendo os mais rápidos na diminuição dos sintomas.

Os inibidores da 5alfa-redutase, atualmente representados pelo dutasterida e finasterida (este atuando apenas na isoforma tipo II), bloqueiam a transformação na próstata da testosterona, na sua forma ativa, dihidrotestosterona. Assim, diminuem parcialmente o volume deste órgão e os sintomas urinários embora demorem algumas semanas para agir e só sejam eficazes nas próstatas aumentadas; são os únicos que comprovadamente reduzem o risco de retenção urinária e de necessidade de cirurgia.

Recentemente tem-se vindo a estudar a utilização de medicamentos já utilizados em outras patologias, no tratamento da HBP. É o caso dos medicamentos anti-muscarínicos, geralmente utilizados nos casos de bexiga hiperativa e dos inibidores da fosfodiesterase tipo 5, utilizados habitualmente na disfunção erétil, que aparentam ter algumas vantagens no tratamento dos LUTS.

A terapêutica cirúrgica atual inclui a Ressecção Transuretral da Próstata (RTUP) e a Cirurgia Aberta; a primeira é uma cirurgia endoscópica utilizada habitualmente quando a próstata é pouco volumosa (menor que 60 cc) e a segunda é uma cirurgia por via aberta, utilizada quando a próstata é mais volumosa. Esta pode ser realizada através da bexiga (Prostatectomia Trans-vesical) ou sem abrir a bexiga (Prostatectomia Retro-púbica). O objectivo destas cirurgias é a remoção do tecido hipertrofiado e obstrutivo, mantendo-se a próstata periférica íntegra. Importante salientar que a cirurgia não confere qualquer proteção em relação às neoplasias malignas da próstata pois a cápsula prostática permanece.

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A RTU-P (por vezes designada Prostatectomia trans-uretral) pode ser realizada utilizando diferentes técnicas que utilizam a corrente eléctrica ou diferentes tipos de laser (sendo atualmente os mais utilizados o Holmium e o KTP (laser verde)). Estas técnicas apresentam algumas diferenças de eficácia, efeitos colaterais e possibilidade de recolha de material para exame anatomo-patológico que não são ainda consensuais na comunidade urológica. Atualmente obteve-se grande avanço com a técnica de RTU-P com PLASMA e solução salina, que propicia a cirurgia endoscópica para próstatas volumosas e com baixo risco de sangramento e intoxicação hídrica que era observada nas técnicas anteriores.

Os efeitos colaterais mais frequentes das técnicas cirúrgicas são a ejaculação retrógada (o sémen não se exterioriza com a relação sexual) e alguma hemorragia após a cirurgia. Outras mais raras são a estenose da uretra e colo vesical, a incontinência urinária.

 
 

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